Penso que se pode dizer que Jorge Palma, na totalidade da sua obra, é um compositor melancólico, podendo ser acusado de por vezes a sua melancolia roçar o aborrecimento. Melancolia doce, nostálgica e muito própria. Mas esta música, lançada em 1989 do álbum Bairro Do Amor, para mim é onde a sua melancolia voa mais alto e se torna um pouco de todos os outros que a ouvem. Não por ser forte (que o é – quem nunca se sentiu frágil que atire o primeiro piano) mas por ser musicalmente o oposto do que as suas letras transmitem. As imagens que me provoca são contraditórias: as letras mostram-me um pobre pianista a cantar as suas desgraças num piano com pouca luz e muito fumo enquanto a parte instrumental ilustra uma peça de teatro, um musical, à boa maneira inglesa/americana do século passado. E esta dicotomia, apesar de passar quase despercebida, resulta em pleno e cativa.
É daquelas musicas viciantes que sendo melancólica acaba por o ser de uma maneira positiva já que musicalmente está mais próximo da celebração. A celebração de um mau dia ou um cansaço que se arrasta tanto como a pessoa em si.
Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me com toda a gente
E não me dou a ninguém
Frágil
Sinto-me frágil
Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar demais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
Frágil
Sinto-me frágil
Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil
Está a saber-me mal
Este Whisky de malte
Adorava estar "in"
Mas estou-me a sentir "out"
Frágil
Sinto-me frágil
Acompanha-me a casa
Já não aguento mais
Deposita na cama
Os meus restos mortais
Frágil
Sinto-me frágil
Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil
Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil
3 comments:
Bela escolha companheiro!
Quem não se sentiu nunca fragil que atire o primeiro piano, violoncelo, o que venha à mão. Até textos sobre a fragilidade eu tenho.
Bravo!
A agenda, a obra, o universo artístico, o novo álbum de Jorge Palma em www.bloguepalmaniaco.blogspot.com
newsletter/informações: contactar ladoerradodanoite@hotmail.com
Gosto muito desta música. Sim, porque todos nós em determinada altura nos sentimos frágeis. Ainda ontem a ouvi.
Quando em Fevereiro fui ao megaconcerto Visão no Pavilhão Atlântico, ele cantou essa música, mas numa versão totalmente diferente, muito mais arrojada, muito mais... forte!
Ah, o novo single/album dele promete. É simplesmente fantástico.
Gosto do teu blog! : )
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