Para não estar a pôr apenas baladas, já era era tempo de por uma metalada pura e dura. E aqui vai um clássico de 1990 de uma banda também clássica. Depois de alguns álbuns mais fracos no final dos anos 80 - que embora goste, tenho que admitir que têm um aroma demasiado pop dos anos 80 - este álbum, Painkiller, foi anunciado como um regresso às raízes mais metálicas. E as expectativas não foram defraudadas a avaliar o single de avanço com o mesmo nome. Começa com um ritmo inesquecível de bateria, cortesia do senhor Scott Travis dos Racer X que trouxe inegavelmente uma nova vida à banda, e assim que se ouve a guitarra de Glenn Tipton a gritar, é impossível não começarmos a sentir um arrepiozinho pelo que vem aí. Um hino ao heavy metal onde a performance de Halford é arrepiante e os solos de Tipton e Downing memoráveise que não só serviu para revitalizar a banda (que apesar disso teve anos parada após a tour, devido à desistência de Halford) como marcou uma geração de músicos. Tem todos os clichês possiveis e imaginários mas dado que Judas Priest foram uma das bandas que criou esses mesmos clichês... é aquilo mesmo que o verdadeiro fã de Heavy Metal quer ouvir. Embora goste muito deste original e tenha sido uma das pérolas que descobri quando andava na minha fome por novidades no metal, a versão que os Death fizeram em 1998 é ainda mais arrepiante. Classic Metal.
Faster than a bullet Terrifying scream Enraged and full of anger Hes half man and half machine
Rides the metal monster Breathing smoke and fire Closing in with vengeance soaring high
He is the painkiller This is the painkiller
Planets devastated Mankinds on its knees A saviour comes from out the skies In answer to their pleas
Through boiling clouds of thunder Blasting bolts of steel Evils going under deadly wheels
He is the painkiller This is the painkiller
Faster than a lazer bullet Louder than an atom bomb Chromium plated boiling metal Brighter than a thousand suns
Flying high on rapture Stronger free and brave Nevermore encaptured Theyve been brought back from the grave
With mankind ressurrected Forever to survive Returns from armageddon to the skies
He is the painkiller This is the painkiller Wings of steel painkiller Deadly wheels painkiller
Seguindo as pisadas do meu companheiro de blog... está na hora de introduzir o metal.
Eu era pequenina, tipo, para a altura da infância, e andava na moda uma maneira de guardar musica que pouca gente daqui a uns anos nem sequer se vai lembrar, ou se se lembrarem, vão falar dela com aquele tom que já ouvi alguns jovens adolescentes de hoje usarem : “Cassetes, uiii! Isso é do tempo da idade da pedra!”. Garanto-vos a vós, que me leem, que as cassetes eram na altura o maior meio de pirataria que existia e era um custo encontrar as musicas que queriamos, gravando-as da radio com aquelas lindas vozes que diziam antes de começar uma musica “Você está a ouvir a Rádio Marginal, e a musica a seguir chama-se Heart of Steel, dos poderosos Manowar”. Nostalgias de cassete à parte, não foi da radio que eu gravei a musica.
A cassete vinha totalmente em branco (como aqueles ficheiros horrendos que dizem “track 1, track 2, track 3”... que apetece matar quem ripou o dito sem fazer o download da informação) e eu “pedi-a emprestada por tempo indeterminado” à colecção de cassetes do meu irmão. Apetecia-me, como ainda hoje me acontece muitas vezes, ouvir algo novo. E contente, sentada à frente da aparelhagem, começei a ouvir os primeiros acordes dedilhados no piano do “Heart of Steel”, até hoje lembro-me deles, completamente hipnotizada, a ouvir a voz do Eric Adams a fazer uma fogueira para iluminar o caminho para casa... E, *puf*, não se fez chocapic mas se já ouvia metal na minha infância, rendi-me completamente às baladas dos Manowar. (curiosidade: só descobri que eram os Manowar 10 anos mais tarde, a falar com amigos sobre musicas que nos marcaram).
Histórias sentimentais à parte (porque já deu para reparar a esta altura, que a musica e a banda são velhas companheiras minhas, marcando-me a grande influência do metal nos meus gostos musicais), os Manowar formaram-se quando o baixista Joey DeMaio juntou o resto do pessoal para formar a banda mais barulhenta do mundo (160 decibeis, está gravado no Guiness Book of Records) e gravaram em 1988 Kings of Metal, onde pertence a dita balada que vos falo. Foram considerados por alguns, os pais do Power Metal e ... hail... ainda não há som como este.
Da musica em si posso dizer que adoro o piano, melancólico e épico, que nos leva numa jornada pelo caminho do guerreiro que nasceu com um coração de aço. A voz do Eric, perfeita para este tipo de histórias, quase nos fala ao ouvido, incitando-nos a viver por aquilo que acreditamos. Os dedilhados são perfeitos, o ambiente que se cria, magnifico, e todo o som épico faz-me ficar envergonhada das minhas palavras, que são poucas e parcas, para falar desta musica (sem falar a tremenda falta de jeito que tenho para descrever uma musica por palavras).
E assim nasceu uma guerreira com um coração de aço. *risos*
Chega de conversa, convido-vos a ouvir a musica, se possivel a original, já que não encontrei um video da musica em estudio, deixo-vos com o video do ensaio com a orquestra. E ao vivo em 1999, em Lisboa.
Build a fire a thousand miles away to light my long way home I ride a comet My trail is long to stay Silence is a heavy stone I fight the world and take all they can give There are times my heart hangs low Born to walk against the wind Born to hear my name No matter where I stand I'm alone
Stand and fight Live by your heart Always one more try I'm not afraid to die Stand and fight Say what you feel Born with a heart of steel
Burn the bridge behind you Leave no retreat There's only one way home Those who laugh and crowd the path and cut each other's throats Will fall like melting snow They'll watch us rise with fire in our eyes They'll bow their heads Their hearts will hang low Then we'll laugh and they will kneel and know this heart of steel was Too hard to break Too hard to hold
Stand and fight Live by your heart Always one more try I'm not afraid to die Stand and fight Say what you feel Born with a heart of steel
E mais uma power ballad, desta feita dos thrashers Testament, no seu álbum mais acessível/comercial, e talvez fraco, de sempre - The Ritual de 1992. Mas esta é sem dúvida a melhor faixa do álbum e é mais uma das músicas da melancolia (e acho que é justo que se crie aqui e neste momento essa categoria) que a letra diz-me muito, tal como a de Metallica, que parecia fazer mais sentido nos momentos em que a tristeza, por qualquer motivo, apertava - embora faça sempre sentido para mim. É uma viagem, um refúgio do mundo exterior, encontrado dentro de nós próprios, a busca pelo próprio e partilha dessa busca e do resultado dela com outra pessoa - algo que parece mais fácil à partida do que realmente é. Resumindo, é uma das músicas/poemas que se encaixa perfeitamente com a minha personalidade e percurso. Daquelas músicas que me sabe bem cantar do início ao fim. E musicalmente, enche-me as medidas, principalmente o solo que é mesmo daqueles emotivos, em que a guitarra chora - encaixa-se perfeitamente na categoria arrepio (duas categorias numa só posta, espectáculo!) e que se encontra no vídeo oficial, oficialmente mutilado. O que é mau. Muito mau!
I'm gonna take you To a place far from here No one will see us Watch the pain as it disappears No time for anger No time for despair Won't you come with me There's a room for us there This innocent beauty My words can't describe This rebirth purity Brings a sullen tear right to your eyes No time for anger No time for despair Please let me take you 'cause I'm already there
I'm so alone My head's my home I'll return to serenity
Rhyme without reason is why children cry They see through the system That's breeding them just so they die So please let me take you And I'll show you the truth Inside my reality We shared in youth
I'm so alone My head's my home And I feel So alone You know At last I'll return to serenity
Now that I've taken you To a place far from here I really must go back Close your eyes and we'll disappear Won't you come with me Salvation we'll share Inside of my head now There's a room for us there
Formaram-se algures no meio dos anos 80, era eu uma jovem criança, mas foi nos anos 90 que eles tiveram fama e marcaram a minha adolescência com o seu som, completamente arockalhado, a banda de nuestros hermanos, Héroes del Silencio (de Zaragoza).
Esta é a primeira musica do album Senderos de Traición (que tem outras grandes musicas como Maldito Duende e Malas intenciones) e devo dizer que não sou fã da lingua espanhola, mas sou fã de rock, e estes senhores trazem-nos uma musica com uma boa batida, com um rift de guitarra que fica no ouvido, muito lálálá, mas fica, e depois aquela parte da batida em pratos que nos acompanha em grande parte da musica, só podia ficar completo com a magnifica voz (eu sou fã de vozes, em caso ninguém tenha ainda percebido *risos*) de Enrique Bunbury, que é assim a fugir para o rouca, e que nos canta o refrão com toda a força e que nos introduz com a frase “déjame, que yo no tengo la culpa de verte caer”.
Os 90’s não tiveram marcados para mim com muito boas musicas, ou boas bandas. O estilo de som começou a perder-se e a definir-se noutros tipos que não eram do meu agrado, mas como adolescente dos 90’s, eu tenho algumas bandas que ficaram e marcaram. Héroes del Silencio é uma delas, pela força, pelo rock (que estava a perder-se), pelas letras revolucionárias e revoltadas como esta (não é a adolescência a epoca das revoltas e revoluções? *risos*)
E ainda hoje canto com gosto...
entre dos tierras estás y no dejas aire que respirar entre dos tierras estás y no dejas aire que respirar
Te puedes vender, cualquier oferta es buena si quieres poder. qué fácil es, abrir tanto la boca para opinar y si te piensas echar atrás tienes muchas huellas que borrar déjame, que yo no tengo la culpa de verte caer si yo no tengo la culpa de verte caer.
pierdes la fe, cualquier esperanza es vana y no sé qué creer; pepepepepero olvídame que nadie te ha llamado y ya estás otra vez déjame, que yo no tengo la culpa de verte caer si yo no tengo la culpa de ver que...
entre dos tierras estás y no dejas aire que respirar entre dos tierras estás y no dejas aire que respirar
déjalo ya, no seas membrillo y permite pasar y si no piensas echar atrás tienes mucho barro que tragar déjame, que yo no tengo la culpa de verte caer si yo no tengo la culpa de ver que...
entre dos tierras estás y no dejas aire que respirar entre dos tierras estás y no dejas aire que respirar
déjame, que yo no tengo la culpa de verte caer si yo no tengo la culpa de ver que...
entre dos tierras estás y no dejas aire que respirar entre dos tierras estás y no dejas aire que respirar.
Tinha que começar a pôr alguma metalada. Ok que estas primeiras incursões no metal vão ser feitas através das suas baladas, mas continua a ser metal (\m/). Neste caso começamos por uma das minhas música favoritas de sempre e das primeiras que me levou a gostar de metallica há quase 15 anos. Foi a primeira power ballad da parte de uma banda de thrash metal que ao segundo álbum levou com que os fãs mais extremos torcessem o nariz e os acusassem de vendidos mas desde início que se tornou uma das músicas favoritas e indispensáveis nos concertos até hoje. Tanto musicalmente como em termos de letras, é de uma beleza arrepiante. Dá que pensar, provavelmente se esta música saísse hoje em dia, iria passar ao lado da comunidade emo (sim, eles têm que ser postos à parte da restante humanidade) e isso talvez acontecesse pela sonoridade épica, complexa e progressiva que o som deles estava a desenvolver. Apesar de ser encarada como uma música sobre o suicídio, a motivação e inspiração original de James Hetfield para compor a letra desta música foi equipamento da banda ter sido roubado quase todo, inclusivé um amplificador antigo e raro que a sua mãe - que falecera pouco tempo antes - lhe oferecera. De qualquer maneira, eles receberam toneladas e toneladas de cartas a agradecerem que a música lhes salvou a vida do suicídio. E até acabo por compreender, porque apesar de ser uma música depressiva, acaba por confortar pela sua beleza e pela maneira como é fácil se identificar com ela. Além da nostalgia que me provoca, é inevitável cada vez que a ouço não deixar que ela me toque e arrepie. Ouçam e ficam a perceber porquê.
Life it seems, will fade away Drifting further every day Getting lost within myself Nothing matters no one else I have lost the will to live Simply nothing more to give There is nothing more for me Need the end to set me free
Things are not what they used to be Missing one inside of me Deathly lost, this cant be real Cannot stand this hell I feel Emptiness is filling me To the point of agony Growing darkness taking dawn I was me, but now hes gone
No one but me can save myself, but its too late Now I cant think, think why I should even try
Yesterday seems as though it never existed Death greets me warm, now I will just say good-bye
Convido-vos a navegar por velhos e esquecidos tempos, sim? Creedence Clearwater Revival é daquelas bandas que se tornou mítica e mística para mim por me ter acompanhado muitas noites com o meu leitor de cds novinho em folha (ainda era um luxo ter leitores de cds em casa, e não foi assim à tantos anos quanto isso). Sentada na sala, tudo escuro e toca de colocar no leitor o cd ( o best of), nada como baladas de blues quando o mundo vai de mal a pior e nós estamos a querer razões para chorar a cantar.
À parte do meu grande amor por blues, a história desta canção em si é algo atribulada. A versão original é de 1957, escrita por Screamin' Jay Hawkings, uma canção que, segundo reza a história, passou rapidamente a ser famosa porque o seu interprete grunhia, uivava, ameaçava de um modo selvagem, a dizer que a “lady” era dele. Apesar de tudo, muitos foram os interpretes que fizeram uma cover desta balada, os Creedence Clearwater Revival tocaram-na ao vivo no Woodstock (entre outros interpretes pode contar-se com Nina Simone, Natacha Altas, The Animals, Nick Cave, e por ai a fora). Novembro de 1968, 58 na US Hot 100, CCD traz de volta à vida esta balada.
Como curiosidade deixo-vos a informação que foi Screamin’ Jay Hawkings que fez a primeira aparição daquilo que ganhou o nome de Shock Rock performance. Apareceu em palco com uma longa capa, uma caveira que fumava chamada “Henry” e saiu de dentro de um caixão no meio de fumo. Alice Cooper, Black Sabbath e Marylin Manson seguiram muito mais tarde esta onda.
Voltando à musica em si, como todas as boas baladas de blues, o melhor é ouvir e deixar levar. De preferência ouvir sozinhos, à noite, e deixar que as guitarras falem com o espirito. Porque esta guitarra, na versão que apresento, chora, grita, segue à risca a voz do vocalista (o John Forgety, cuja voz lembra-me nesta musica um padre de voodoo, o que se adequa perfeitamente à onda da dita). Aquele baixo, suave, forte, como o bater de um coração, segue-nos para todo o lado, e deixamo-nos ir na batida certinha da bateria. E no solo, segue-se um crescendo que apetece deixar ver o feitiço entrar no corpo, e ouvir o gemido da guitarra baixinho. O grand finale, com um crescendo que se torna uma onda a bater num paredão... e acaba.
Carregar no botão de repeat é imperativo para mim.
I put a spell on you... ‘cause you’re mine…
É melhor deixar enfeitiçar pelo som...
I put a spell on you (Creedence Clearwater Revival version)
I put a spell on you Because you’re mine. You better stop The things that you’re doin. I said watch out! I aint lying, yeah! I aint gonna take none of your Foolin around; I aint gonna take none of your Puttin me down; I put a spell on you Because you’re mine. All right!
Rolling Stones é um daqueles grupos que irá aparecer aqui muitas vezes, pelo menos no que me diz respeito. Com quase 50 anos de carreira e embora a base tenha sido sempre o rock'n roll/blues, abordaram por diversas vezes outras sonoridades, como foi o caso desta Undercover Of The Night, onde com um um groove de rock que nos põe a bater o pé, junta-se um feeling ligeiramente disco que se torna uma mistura irresistível. Embora tenha sido o primeiro single do álbum, passou um pouco ao lado do público em geral talvez pela sua letra política (que é uma das principais razões pela qual eu a escolho para figurar aqui - o vídeo chegou a ser censurado) que retrata situações que ainda hoje são actuais sendo uma delas o rapto de pessoas por parte de guerrilhas rebeldes da América Central e América do Sul - sobretudo ligadas ao tráfico de droga - para depois exigir resgates exorbitantes ao governo ou às suas famílias. Eu tenho um fraco por canções de protesto ou de alto teor político e neste caso tem-se o brinde de a música ser completamente groovie.
Hear the screams of Center 42 Loud enough to bust your brains out The opposition's tongue is cut in two Keep off the street 'cause you're in danger
One hundred thousand disparus Lost in the jails in South America CURL up baby CURL up tight CURL up baby Keep it all out of sight Undercover Keep it all out of sight Undercover of the night
The sex police are out there on the streets Make sure the pass laws are not broken The race militia has got itchy fingers All the way from New York back to Africa
Cuddle up baby Keep it all out of sight Cuddle up baby Sleep with all out of sight Cuddle up baby Keep it all out of sight Undercover Undercover Undercover Keep it all out of sight Undercover of the night
All the young men they've been rounded up And sent to camps back in the jungle And people whisper people double-talk And once proud fathers act so humble All the young girls they have got the blues They're heading on back to Center 42
undercover all out of sight undercover all out of sight Undercover all out of sight Undercover all out of sight Undercover of the night
Down in the bars the girls are painted blue Done up in lace, done up in rubber The John's are jerky little G.I. Joe's On R&R from Cuba and Russia The smell of sex, the smell of suicide All these things I can't keep inside
Undercover all out of sight Undercover of the night
Decorria o belo ano de 1987, quando os U2 lançaram o album The Joshua Tree. O single deste album? With or without you. Tornou-se 1# Hit na America e pouco depois também na Europa, tornando-se uma das musicas míticas desta banda. Passou onze semanas no top 75 de singles do RU e opinião dos fãs, é a musica mais emocional dos U2 de sempre.
Para quem ache que eu sou uma fã de U2, desengane-se. Tenho muitas poucas musicas desta grande banda de pop que realmente gosto e nunca corri atrás de nada que fosse da sua autoria. No entanto, With or without you marcou-me um pouco o fim da infância, pela sonoridade que ouvia na rádio. Ainda não tinha eu na altura, a capacidade de entender a letra que acompanhava o ritmo lento mas sempre crescente da melodia que acompanha esta musica.
Anos mais tarde, uns bons 10 anos mais tarde, With or without you tornou-se uma das musicas que me marcou a adolescência. Pela voz de Bono, pela letra (a qual eu não resisto, em termos bem dispostos, cantar em português “Contigo ou sem tigooo”), pela musica mais uma vez. Aquele começo, que se reconhece até debaixo de água, a melodia segue um crescendo com um som aflautado que nos prende ao fundo, e quase nos conseguimos esquecer que o Bono está a cantar se fecharmos os olhos. O instrumental da musica é simplesmente delicioso e acompanha-nos até ao decrescendo final, quebrando a tradição dos instrumentais a meio da musica. Na concepção U2iana, é a maneira de dar um “final feliz” a uma musica triste. Para mim, excelentemente conseguido, trazendo um cheio de esperança no riff simples da guitarra.
Um som de fins de 80, segue-se um grito de libertação “With or without, I can’t live with or without you!”, seguido de um “And you give yourself away”, que dá sempre vontade de sair a correr pela porta e ir cantar para o meio da rua. Pop, bem feito, mítico, que fica, que é actual, sem as tolices de amor descritas sempre da mesma maneira. A musica prende. E traz saudades dos meus queridos 80’s.
Que dizer?
I can’t live with or without you.
See the stone set in your eyes See the thorn twist in your side I wait for you
Sleight of hand and twist of fate On a bed of nails she makes me wait And I wait without you
With or without you With or without you
Through the storm we reach the shore You give it all but I want more And Im waiting for you
With or without you With or without you I cant live With or without you
And you give yourself away And you give yourself away And you give And you give And you give yourself away
My hands are tied My body bruised, shes got me with Nothing to win and Nothing left to lose
And you give yourself away And you give yourself away And you give And you give And you give yourself away
With or without you With or without you I cant live With or without you
With or without you With or without you I cant live With or without you With or without you
Penso que se pode dizer que Jorge Palma, na totalidade da sua obra, é um compositor melancólico, podendo ser acusado de por vezes a sua melancolia roçar o aborrecimento. Melancolia doce, nostálgica e muito própria. Mas esta música, lançada em 1989 do álbum Bairro Do Amor, para mim é onde a sua melancolia voa mais alto e se torna um pouco de todos os outros que a ouvem. Não por ser forte (que o é – quem nunca se sentiu frágil que atire o primeiro piano) mas por ser musicalmente o oposto do que as suas letras transmitem. As imagens que me provoca são contraditórias: as letras mostram-me um pobre pianista a cantar as suas desgraças num piano com pouca luz e muito fumo enquanto a parte instrumental ilustra uma peça de teatro, um musical, à boa maneira inglesa/americana do século passado. E esta dicotomia, apesar de passar quase despercebida, resulta em pleno e cativa. É daquelas musicas viciantes que sendo melancólica acaba por o ser de uma maneira positiva já que musicalmente está mais próximo da celebração. A celebração de um mau dia ou um cansaço que se arrasta tanto como a pessoa em si.
Põe-me o braço no ombro Eu preciso de alguém Dou-me com toda a gente E não me dou a ninguém Frágil Sinto-me frágil
Faz-me um sinal qualquer Se me vires falar demais Eu às vezes embarco Em conversas banais Frágil Sinto-me frágil
Frágil Esta noite estou tão frágil Frágil Já nem consigo ser ágil
Está a saber-me mal Este Whisky de malte Adorava estar "in" Mas estou-me a sentir "out" Frágil Sinto-me frágil
Acompanha-me a casa Já não aguento mais Deposita na cama Os meus restos mortais Frágil Sinto-me frágil
Frágil Esta noite estou tão frágil Frágil Já nem consigo ser ágil
Frágil Esta noite estou tão frágil Frágil Já nem consigo ser ágil
“Sanvean” é provavelmente uma das musicas mais arrepiantes do grupo (já separado) Dead can Dance. Do álbum “Toward The Within”, eu ouvi esta musica pela primeira vez à dois anos, sensivelmente, tornando-se prontamente uma musica inesquecível e sempre presente em todos os momentos mais espirituais que tenho memória. A sua versão ao vivo, que foi a que me chegou primeiramente às mãos, foi uma doce redescoberta da sonoridade incrível da voz de Lisa Gerrard (já ouvida em bandas sonoras de filmes) e um encontro do estilo “de hoje para sempre” com uma das bandas que se tornou a minha favorita de todos os tempos. É das poucas musicas que automaticamente me trouxe um arrepio na espinha e lágrimas aos olhos.
Como falar de “Sanvean”?
“Sanvean” significa “I’m your shadow”. Começa com uma sonoridade de melancolia agarrada às notas musicais até que a voz nos leva numa viagem, dentro de nós mesmos, em busca da beleza da nossa própria tristeza. Como algo que se arrasta indolentemente nas paredes de um quarto magnificamente decorado, com todo o belo sentimento possível, mas completamente esquecido por algum motivo que nos escapa. A voz leva-nos a essas paredes, a essa janela enorme por onde entra o frio da noite, e acaba, deitada num divã esquecido, coberta com alguma manta de veludo, onde descansam lágrimas.
Quando me deram a musica para ouvir disseram-me “apaga as luzes, fica no escuro, e ouve”.
Eu respondi depois “se a Lua tivesse voz, seria assim que ela cantaria”.