Thursday, April 22, 2010

O Fortuna - Carl Orff

Esta música, ou tema, da ópera Carmina Burana pertence à cultura contempôranea e, porque não, popular das últimas décadas. Embora tenha sido composta originalmente nos anos 30, foi nas últimas décadas do século vinte que a popularidade da canção disparou graças a inclusão em inúmeros filmes e anúncios. Quem não se lembra de Excalibur ou do anúncio da Old Spice? Em termos da música, a sua pompa épica e grandiosa fazem com que o seja impossível não ficar na memória. Inúmeras bandas já utilizaram samples da música (Ozzy Osbourne usava-a como introdução nos seus espectáculos, por exemplo) e outras tantas coverizaram-na (Therion no álbum Deggial, para citar outro exemplo).
O Fortuna é um poema que faz parte de um conjunto de textos/poemas intitulado Carmina Burana que foram escritos, calcula-se, em meados do século XIII, em latim informal, chamemos-lhe assim. Carl Orff pegou em 24 destes poemas e musicou-os, usando O Fortuna, uma declamação à Fortuna, deusa romana da sorte, como início e fim da peça. Tenho a felicidade de possuir esta obra e apesar de ser grandiosa no seu todo, não há comparação com o seu início e fim. Uma das músicas, sem dúvida, da minha vida.

Latim

O Fortuna
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis;
vita detestabilis
nunc obdurat
et tunc curat
ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.

Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
mihi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.

Sors salutis
et virtutis
mihi nunc contraria,
est affectus
et defectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!


Português

Ó Fortuna
és como a Lua
mutável,
sempre aumentas
e diminuis;
a detestável vida
ora oprime
e ora cura
para brincar com a mente;
a miséria,
o poder,
ela os funde como gelo.

Sorte imensa
e vazia,
tu – roda volúvel –
és má,
vã é a felicidade
sempre dissolúvel,
nebulosa
e velada
também a mim contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego à tua perversidade.

A sorte na saúde
e virtude
agora me é contrária.

e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!